Erika Hilton diz que vai processar narrador da Band por falas preconceituosas
A deputada federalista Erika Hilton (PSOL-SP) publicou um longo texto nas redes sociais na noite desta quarta-feira (26/2) se pronunciando sobre a postagem de cunho preconceituoso do narrador da Fórmula 1 na Band, Sérgio Maurício. A política anunciou que irá processar o jornalista.
“Eu e meus advogados estamos plenamente cientes do ataque transfóbico cometido contra mim, neste domingo, pelo narrador da Fórmula 1, Sérgio Maurício, remoto hoje da Band”, escreveu a deputada no X.
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Ela ainda comentou a decisão da emissora de afastar o locutor. “Vejo sim, com bons olhos, a decisão da Band de afastá-lo. Mas o que me interessa é que pessoas que atacam a nossa pundonor respondam criminalmente”, continuou.
A política agradeceu à comunidade da Fórmula 1 nas redes sociais pelo escora a ela. “Agradeço imensamente o carinho que eu e a comunidade trans recebemos de inúmeros fãs, páginas e perfis dedicados à Fórmula 1. A Fórmula 1 é gigante no Brasil, e com a nossa história nesse esporte, não teria porquê ser dissemelhante”, afirmou.
Leia o pronunciamento completo:
Eu e meus advogados estamos plenamente cientes do ataque transfóbico cometido contra mim, neste domingo, pelo narrador da Fórmula 1, Sérgio Maurício, remoto hoje da Band.
A transfobia é transgressão no Brasil, e apesar das tentativas de relativizá-la, faremos a Justiça prevalecer. Vejo sim, com bons olhos, a decisão da Band de afastá-lo. Mas o que me interessa é que pessoas que atacam a nossa pundonor respondam criminalmente.
Porque o simples veste de eu ser quem eu sou, de pessoas trans serem quem são, é motivo para sermos vítimas de violência completamente gratuita, física ou virtual. E não há outros termos que descrevam tal comportamento se não perseguição, transfobia, transgressão de ódio e violência política de gênero. Isso é incabível. Permitir que isso se torne vulgar hoje é concordar a morte de mais uma de nós amanhã.
Assim porquê permitir que a violência contra uma minoria política se torne vulgar hoje, é permitir que a violência contra todas as minorias se banalize amanhã. Mas essa noção que está sendo criada nas redes sociais de forma orquestrada, inclusive com a ajuda de seus proprietários, de que não há punição para discursos de ódio, LGBTfóbicos, capacitistas, racistas e xenofóbicos é falsa.
Pois no Brasil, faremos valer a nossa Constituição, o recta humano à pundonor sobre o qual ela se constrói e o entendimento do STF que equiparou a homotransfobia ao transgressão de racismo, inafiançável e imprescritível.
Por término, agradeço imensamente o carinho que eu e a comunidade trans recebemos de inúmeros fãs, páginas e perfis dedicados à Fórmula 1. A Fórmula 1 é gigante no Brasil, e com a nossa história nesse esporte, não teria porquê ser dissemelhante. E se agigantam também aqueles que usam suas vozes e plataformas para proteger aquelas e aqueles que são cotidianamente atacados simplesmente por serem quem são.
Relembre o caso
Sérgio Maurício, chocou as redes sociais nesta segunda (24/2) ao fazer um glosa transfóbico sobre a deputada federalista Erika Hilton (PSOL-SP). O jornalista chamou a política de “fake news humana” ao responder um post com declarações também consideradas misóginas e racistas.
“Uma verdadeira Fake News humana essa coisa”, escreveu Sérgio no X. Em seguida a repercussão negativa, o jornalista apagou sua conta nas rede social. Ao F5, o narrador afirmou se tratar de uma conta fake, que criaram utilizando a foto e o número de telefone dele.
Segundo Sérgio, além da conta ser falsa, ele tomará as medidas cabíveis na Justiça contra os supostos criadores do perfil.
“Não é a primeira vez que pessoas de forma maliciosa criam perfis falsos e/ou reproduzem falas inverídicas usando a minha imagem”, disse ao jornal.
No X, o perfil com seu nome tinha mais de 30 milénio seguidores e postava os bastidores das transmissões de Fórmula 1. O @ era até marcado pela conta solene da Band em postagens.
Nesta quarta (26/2), os primeiros treinos da modalidade, transmitidas na Bandsports, já não contavam com a voz do jornalista. A informação da mudança foi publicada inicialmente pelo F5.
O locutor Carlos Fernandes foi quem substituiu Maurício nas primeiras etapas da temporada 2025 da F1. Ainda segundo o jornal, a troca foi de última hora e determinada pela direção da emissora paulista com o objetivo de preservá-lo.
Essa não seria a primeira esfera fora de Sérgio Maurício. Em 2022, durante uma transmissão, ele chamou torcedores do Flamengo de “duros e favelados”. Ele se desculpou posteriormente.
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