Opinião: O linchamento público de Bella Campos em “Vale Tudo” e os limites da crítica

A quantidade de hate que a Bella Campos está recebendo por sua atuação porquê Maria de Fátima em “Vale Tudo” é, no mínimo, cruel. Sim, ela é uma pessoa pública. Sim, escolheu estar sob os holofotes. Muitos dizem: “Está na chuva para se molhar”. Mas será que isso justifica a violência simbólica que está sofrendo?

Por que não conseguimos nos colocar no lugar dela? Todos nós erramos. No trabalho, falhamos em uma entrega, não atingimos as expectativas do encarregado, frustramos colegas, decepcionamos familiares. Mas, quando isso acontece, nossa falta fica entre quatro paredes. No supremo, entre algumas pessoas do convívio próximo.

Agora imagine o contrário: que no elevador do seu prédio tenha um aviso sobre o erro que você cometeu no trabalho. Pior: que na ingressão da sua empresa tenha um papeleta detalhando o passo em falso que você deu. Porquê seria? Angustiante, vexante, opressor.

Portanto por que achamos normal fazer isso com alguém só porque ela está na TV? Não é porque a Bella é uma figura pública que ela merece ser exposta a esse linchamento emocional. Críticas construtivas são uma coisa — fazem segmento de qualquer profissão. O massacre que ela está vivendo é outra. É perversidade.

Onde foi parar a humanidade das pessoas? Parece que há um prazer mórbido em destruir, em humilhar. Porquê se a falta alheia fosse um espetáculo que legitima nossa própria mediocridade.

E não, não sou amiga da Bella. Nunca nem falei com ela. Inclusive, na coletiva da romance, ela chegou super atrasada e eu não quis esperar. Também não estou sendo paga para defendê-la. Mas fico exausta de ver o quanto as pessoas se satisfazem em lutar quem está vulnerável.

É sobre isso: humanidade, empatia, limite. Antes de mostrar o dedo, que tal se imaginar naquela mesma posição? Nem todo mundo aguenta. E nem todo mundo precisa manter.