Entenda como o “Careca do INSS” quitou dívida no auge da fraude contra aposentados
Entre abril e julho de 2024 — período em que Antunes quitou a dívida judicial — ele acumulou R$ 14,3 milhões em patrimônio imobilizado
Antônio Carlos Camilo Antunes, publicado porquê “Careca do INSS”, encerrou em 2024 uma disputa judicial que se arrastava havia quase cinco anos, ao firmar um congraçamento com a Cooperativa de Crédito Sicoob Independência para quitação de uma dívida superior a R$ 138 milénio. O processo, iniciado em 2019, dizia saudação a dois contratos de empréstimo descumpridos pelo empresário. A solução do caso, no entanto, ocorreu durante o período em que ele ampliava seu patrimônio e, segundo a Polícia Federalista, operava um esquema milionário de fraudes contra a Previdência Social.
A ação tramitava na 1ª Vara de Realização de Títulos Extrajudiciais e Conflitos Arbitrais de Brasília e teve início posteriormente Antunes deixar de remunerar dois empréstimos contraídos em 2017, nos valores de R$ 131.201,48 e R$ 30.958,18. A dívida consolidada, de R$ 138.870,08, passou anos sem ser quitada. Ao longo do processo, a Justiça autorizou penhoras online, buscas patrimoniais via SISBAJUD, RENAJUD e INFOJUD, e chegou a suspender o trâmite em 2022 por realização frustrada.
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Mesmo com as medidas judiciais, a dívida só foi quitada em fevereiro de 2024, com a homologação de um congraçamento. Um alvará de levantamento foi expedido em março e o processo transitou em julgado no mês seguinte. O que não se sabia à idade era que, nesse mesmo período, Antunes movimentava valores expressivos e acumulava patrimônio de forma incompatível com sua renda declarada.
Relatório da Polícia Federalista, tornado público somente em 2025, apontou que o “Careca do INSS” era sócio de 22 empresas, muitas delas Sociedades de Propósito Específico (SPEs), criadas para dificultar o rastreamento dos valores. Segundo a PF, essas empresas recebiam recursos desviados indevidamente de aposentados e pensionistas por meio de sindicatos e associações, e segmento do quantia era repassado a servidores do INSS, seus familiares e empresas ligadas a eles.
Entre abril e julho de 2024 — período em que Antunes quitou a dívida judicial — ele acumulou R$ 14,3 milhões em patrimônio imobilizado, valor muito superior à renda mensal declarada de R$ 24 milénio. Além de carros de luxo porquê Porsches, Onça e BMWs, e imóveis em seu nome, a PF apurou que o empresário mantinha uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, utilizada para blindar o patrimônio.
De congraçamento com o relatório, pessoas físicas e jurídicas ligadas a Antunes receberam R$ 53,5 milhões das entidades associativas. Uma delas, a AMBEC (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), repassou mais de R$ 11 milhões à Prospect, uma das empresas sob seu controle.
A investigação federalista teve início somente no primícias de 2025, posteriormente anos de movimentações suspeitas. A quitação da dívida com a cooperativa, ainda em 2024, ocorreu antes do progresso das apurações, no momento em que os repasses indevidos seguiam acontecendo e o patrimônio de Antunes crescia.
A Justiça não detalha no processo a origem dos valores utilizados no congraçamento, mas o relatório da PF, posteriormente divulgado, evidencia que as movimentações financeiras de Antunes destoavam completamente de sua renda formal. A homologação do congraçamento, portanto, foi somente o desfecho de uma cobrança judicial que, hoje, pode ter sido quitada com recursos de origem ainda sob investigação.
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