Brasileira luta há 3 anos para trazer filho raptado pelo pai de volta ao país
Adam Aranha foi raptado em 2022 e levado ao Egito. Desde logo, a mãe, Karin Aranha, luta para trazer o rebento de volta ao Brasil
A brasileira Karin Aranha, de 44 anos, luta há três anos na Justiça do Brasil e do Egito para trazer o rebento, Adam Aranha de volta ao país. Karin já teve que mudar de religião, gastar uma pequena riqueza e cruzar o mundo, mas até hoje não conseguiu reencontrar com o rebento de cinco anos, raptado em 2022 pelo ex-marido da brasileira.
O egípicio Ahmed Tarek Mohamed Fayz Abdelkalek, 28, que naturalizou-se brasílio, é procurado pela Polícia Federalista (PF) e pela Interpol pelo sequestro do menor. A Justiça egípcia, no entanto, não reconhece as decisões da Justiça do Brasil, que determinam que a guarda de Adam deva permanecer com Karin.
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Karin e Ahmed casaram-se em 2018 e pouco tempo depois tiveram o rebento Adam, que nasceu nos Estados Unidos. Durante a pandemia do COVID-19, enquanto os três já moravam no Brasil, Karin aceitou uma proposta de serviço na Inglaterra, buscando melhorar a situação econômica do par.
Quando voltou ao Brasil, Karin encontrou a moradia revirada, os documentos roubados e as contas bancárias esvaziadas. Ahmed, que deveria permanecer no país e cuidar a muchacho, havia saído do país com o menor em setembro de 2022.
O egípcio naturalizado brasílio usou um passaporte brasílio vencido e um passaporte americano do rebento para cruzar a Ponte da Amizade – que liga o Brasil e Paraguai- e depois seguir rumo ao Egito.
Karin acionou a Justiça brasileira e conquistou a guarda integral da muchacho e um mandado de prisão da PF contra o ex-marido. Ahmed também é procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) pelo sequestro de Adam, que consta na lista de crianças desaparecidas e raptadas da corporação.
As decisões da Justiça brasileira e dos órgãos internacionais, no entanto, não foram suficientes para trazer a muchacho de volta. Isso porque, o judiciário egípcio é a único com jurisdição para restituir Adam e Ahmed para as autoridades brasileiras.

Reprodução
Guerra judicial no Egito
Posteriormente as negociações entre as embaixadas e tribunais brasileiros não ser suficiente, Karin decidiu entrar com um processo na Justiça egípcia para invadir a guarda do rebento. No Egito, a guarda de crianças até 13 anos é assegurada às mães.
“Eu tenho que ir ao tribunal no Egito e tenho de encarar um sequestrador, fugitivo procurado, durante uma audiência que discute se eu tenho ao não ‘a posse’ sobre o meu rebento. Eu tive que me mudar para lá, me transformar ao Islamismo, tudo para provar que esse varão está inverídico, seja no Egito, seja cá no Brasil”, conta Karin.
Mesmo tendo as decisões brasileiras e internacionais em mãos, Karin e os advogados que a acompanham na ação detalham que a Justiça do Egito é lenta, burocrática e, supra de tudo, preconceituosa contra os direitos das mulheres.
”No Egito, nós temos um agravante que é o vestuário de que o país segue a Sharia, o código judiciário fundamentado nos preceitos do islamismo. Logo a mulher lá, não tem quase recta nenhum. Ainda mais sendo uma mulher estrangeira”, explica o legista Rafael Paiva, um dos responsáveis pela resguardo de Karin.
Rafael narra, por exemplo, que uma foto antiga de Karin bebendo vinho nas redes sociais foi o bastante para que perdesse a primeira instância do processo judicial, apesar de todas as outras provas.
A guia não desanima Karin, que já entrou com pedido de recurso da decisão. “Não volto não sem meu rebento; nem que tenha que bradar o mundo inteiro”, declarou Karin.

Registo pessoal
Sacrifícios e Promessas
Ao longo dos três anos, Karin conta que gastou o equivalente a dois apartamentos margem mar em custos processuais e de viagens. Ela ainda desabafa que também teve que sacrificar a própria saúde mental para continuar a luta de reaver o rebento.
O Ministério das Relações Exteriores e a embaixada do Brasil no Cairo acompanham a situação de perto desde 2023 e prestam “aconselhamento jurídico e outros tipo de assistência nos limites da atuação lícito no país”.
A cultura de trazer tanto Adam quanto Ahmed para o Brasil, mas, é exclusivamente do governo do Egito.
Há três anos, Karin conta que se reuniu com inúmeras autoridades brasileiras, para que o Brasil tome a iniciativa de cobrar diretamente o governo egípcio.
A brasileira teve audiências com parlamentares, ficou esperando na porta durante um jantar da primeira-dama, Janja da Silva, e conseguiu até mesmo uma reunião com o Gabinete da Presidência da República.
“Me prometeram que o presidente Lula falaria com o presidente do Egito durante as reuniões do G20, mas pelo visto isso não aconteceu. Meu rebento é brasílio e está sido mantido com um bandido lá no Egito. Meu país realmente só me virou as costas”, desabafa Karin.
Atualmente, o caso encontra-se sob tutela do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Ao portal LeoDias, o órgão afirmou que “está finalizando um ofício de cooperação internacional e articulando uma agenda com a Ministra Macaé Evararisto para solução do caso”.
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