Discord ignora pedidos da polícia sobre ataque a escola de SP e trava investigação
Antes de entrar armado na escola onde estudava, o jovem de 16 anos responsável pelos disparos contou para participantes de um grupo do Discord o que planejava fazer
Há quase dois anos do ataque à Escola Estadual Sapopemba, na zona Leste de São Paulo, que terminou com uma jovem morta e outros três alunos feridos, a Discord, ainda não enviou à Polícia Social as mensagens trocadas dentro da plataforma e que registraram o ataque sendo planejado pelo responsável do atentado. As informações são do portal Metrópoles.
Antes de entrar armado na escola onde estudava, o jovem de 16 anos responsável pelos disparos contou para participantes de um grupo do Discord o que planejava fazer. Prints do grupo mostram que o jovem compartilhou fotos do escola, fez perguntas sobre porquê gravar a cena, e foi incentivado e instruído sobre porquê cometer o atentado.
Veja as fotos
Relatórios de perceptibilidade da polícia levantaram algumas das informações do grupo, onde outros crimes também seriam incentivados, mas o teor completo das conversas nunca foi disponibilizado pelo Discord às autoridades.
Ao longo desses quase dois anos do delito, a equipe do 69º Província Policial, responsável pelo caso, fez diversas solicitações à empresa americana, que incluíram o cadastro em uma plataforma em inglês, envio de e-mails e troca de mensagens com um representante do Discord, mas zero surtiu efeito. As tentativas constam no interrogatório policial do caso.
Em dezembro de 2023, uma decisão judicial já autorizava a quebra de sigilo e a disponibilização do material completo à Polícia Social de São Paulo. A empresa, no entanto, avisou à polícia que todas as solicitações deste tipo deveriam ser feitas por meio de uma plataforma específica, chamada Kodex.
Os investigadores seguiram o passo a passo explicado pela empresa, mas, ainda assim, não receberam o material. A última tentativa foi feita em março deste ano, mas até o presente momento ainda sem sucesso.
A falta de aproximação às conversas atrapalhou o curso das investigações sobre outros suspeitos de participarem do planejamento do ataque. Apesar de prints apontarem para membros do grupo que sabiam do atentado e teriam até ajudado o jovem no ato, até hoje, unicamente o responsável dos disparos foi apreendido pela polícia brasileira. Ele cumpre medida socioeducativa na Instauração Lar.
Em Portugal, outro jovem foi recluso em seguida uma investigação do Ministério Público do país indicar que ele era o fundador do grupo on-line no Discord e teria incitado o ataque. Ele está em prisão preventiva e foi denunciado à Justiça portuguesa em maio deste ano. No Brasil, a Polícia Federalista também apura o atentado na escola em Sapopemba.
Nesta terça-feira (10/6), a Polícia Social encaminhou o interrogatório do caso à Justiça com sugestão para que as apurações continuem no contextura da Polícia Federalista (PF).
Em nota a prelo, o Discord afirma que colaborou de “forma proativa com o Ministério da Justiça do Brasil na investigação” e auxiliou as autoridades portuguesas na identificação e prisão de um dos responsáveis por organizar o ataque.
“O Discord mantém um diálogo contínuo com o sistema judiciário brasílico, incluindo o Ministério da Justiça e a Polícia Social de São Paulo, e estamos abertos a novas aproximações por secção das autoridades que investigam o caso, para seguir cooperando”, afirma a nota enviada pela empresa.
A plataforma diz ainda que a segurança é sua prioridade e que tem reportado “grupos e indivíduos envolvidos nesse tipo de conduta, assim porquê outros comportamentos que apresentem risco para terceiros, às autoridades brasileiras”.
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