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Opinião: “Caso Lucimar”, de “Vale Tudo”, prova que as novelas ainda moldam boa parte do Brasil

Opinião: “Caso Lucimar”, de “Vale Tudo”, prova que as novelas ainda moldam boa parte do Brasil


Em milhares de casas, os folhetins não são exclusivamente entretenimento: são companhia, são rotina, são janela para o mundo

Muita gente adora ironizar: “Quem vê romance hoje em dia?”; uma vez que se o país inteiro tivesse chegada irrestrito ao streaming, à internet rápida e à última série do momento. Mas essa visão é limitada, elitista — e não reflete a verdade da maioria dos brasileiros. E mais: novelas ainda têm poder de mobilização real.

Prova disso é o que aconteceu com a personagem Lucimar, interpretada por Ingrid Gaigher, no remake de “Vale Tudo”. Em uma cena em que ela pede pensão alimentícia para o rebento, a repercussão foi imediata — e prática. Segundo a Defensoria Pública, só naquela noite, o aplicativo do órgão recebeu mais de 270 milénio acessos em uma hora. Foram 4.500 acessos por minuto de mulheres procurando saber sobre seus direitos.

Esse é o tipo de impacto que série nenhuma de streaming gera por cá. Isso é alcance. Isso é influência. Isso é relevância social.

As novelas continuam entre os cinco programas mais assistidos da televisão ocasião. Isso não é possibilidade. Em milhares de casas, elas não são exclusivamente entretenimento: são companhia, são rotina, são janela para o mundo. Enquanto alguns seguem discutindo roteiros da HBO ou temporadas da Netflix, milhões de pessoas sintonizam na Mundo, Record ou SBT porque é o que está disponível — e também porque ainda faz sentido pra elas.

A romance é, sim, um espelho da sociedade — e, às vezes, um empurrão para a mudança. Quando muito escrita e muito interpretada, ela não exclusivamente retrata a verdade, mas a transforma. E quando uma cena faz milhares de mulheres buscarem justiça, a gente não está diante de um mero resultado cultural. Está diante de um instrumento de cidadania.

Enquanto subsistir desigualdade de chegada, a romance continuará sendo a principal ponte entre informação, emoção e consciência social para muita gente. Debochar disso é debochar da própria verdade brasileira.



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