google.com, pub-1419914821759137, DIRECT, f08c47fec0942fa0
×

Opinião: De vilão calculista a bobão arrependido; Mavi fica irreconhecível em “Mania de Você”

Opinião: De vilão calculista a bobão arrependido; Mavi fica irreconhecível em “Mania de Você”


O hacker pormenorizado que arquitetava planos mirabolantes foi subitamente transformado em alguém menos inteligente e emocionalmente instável

Desde sua estreia, “Mania de Você” tem enfrentado um dos maiores desafios do horário transcendente da Mundo nos últimos anos. Com uma audiência aquém do esperado e críticas frequentes, a romance de João Emanuel Carneiro passou por ajustes que escancararam uma narrativa inconsistente e personagens descaracterizados. Um dos exemplos mais evidentes dessa mudança brusca é o roda de Mavi (Chay Suede), que deixou de ser um hacker obsessivo por Viola (Gabz) para se tornar um bobão contrito, agora enamorado por Luma (Agatha Moreira).

Essa mudança não passou despercebida pelo público e pela sátira. Mavi, que no início da trama era um dos personagens mais muito construídos – graças ao talento de Chay Suede –, foi subitamente transformado em alguém menos inteligente e emocionalmente instável. O hacker pormenorizado que arquitetava planos mirabolantes agora cai em armações ingênuas, porquê crer em uma farsa com uma executiva canadense de sotaque caricato ou não perceber Viola espionando-o detrás de uma vidraça.

Nenhum item relacionado encontrado.

A decisão de enfraquecer o personagem e mudar sua motivação principal parece ter sido uma resposta direta às críticas e à baixa adesão do público à trama. “Mania de Você” começou porquê um thriller psicológico intenso, centrado na preocupação e na vingança. No entanto, o tom sombrio e a complicação narrativa se tornaram um problema para a audiência, que não conseguiu se conectar com os protagonistas nem entender suas motivações em meio a reviravoltas excessivas.

Com isso, a Mundo precisou intervir. A romance passou por ajustes no roteiro e uma das primeiras medidas foi suavizar o comportamento de Mavi. No entanto, ao invés de uma transição gradual e orgânica, a mudança veio de forma abrupta, enfraquecendo o impacto do personagem e tornando sua história menos congruente. Porquê alguém que passou uma vida inteira obcecado por uma mulher pode simplesmente mudar de cândido do zero? O público sentiu essa inconsistência e não demorou para perceber a fragilidade na transporte da trama.

Esse não foi o único problema de “Mania de Você”. A romance já vinha enfrentando críticas por erros de perenidade e cenas inverossímeis, porquê a sequência em que Viola tenta dopar seus sequestradores colocando cápsulas inteiras de remédio na comida – um pouco que, logicamente, não faria efeito. Esses pequenos deslizes, somados à falta de empatia com os protagonistas, minaram ainda mais o engajamento do público.

A avaliação interna da Mundo também foi dura. Executivos apontaram que a romance é confusa, pesada e escura, e que o ritmo veloz prejudica o entendimento da história. Isso gerou um dilema para a emissora: manter a identidade original da trama ou mudar o rumo da história para evitar um fracasso maior?

Com Mavi agora se entregando à polícia e mergulhando em depressão, a romance tenta redirecionar seu roda dramático para um pouco mais emocional, na esperança de restaurar a atenção do público nesta reta final. No entanto, essa transição tardia pode ser um problema. O público que já se distanciou da trama dificilmente voltará exclusivamente porque Mavi agora está contrito e enamorado por outra personagem.

No termo das contas, “Mania de Você” escancara um problema recorrente em algumas novelas da Mundo: a dificuldade de lastrar inovação com acessibilidade. João Emanuel Carneiro é sabido por suas histórias ágeis e repletas de reviravoltas, mas dessa vez pode ter exagerado na complicação e no tom sombrio da narrativa, afastando o testemunha médio das novelas das nove.

Se a trama conseguirá se restaurar neste último mês ainda é uma incógnita, mas uma coisa é certa: as mudanças forçadas e a descaracterização dos personagens podem ter feito mais mal do que muito.



Source link

Publicar comentário