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Opinião: Odete Roitman vira o jogo e conquista o público no remake de “Vale Tudo”

Opinião: Odete Roitman vira o jogo e conquista o público no remake de “Vale Tudo”


O público passou a ver na vilã alguma coisa além da malvadeza: uma mulher que ofídio responsabilidade de quem vive às custas do poder dela

Ela é autoritária, calculista, fria. Está longe de ser uma mãe carinhosa ou uma empresária afetuosa. Ainda assim, Odete Roitman, vivida por Débora Bloch, começa a ocupar o público do remake de “Vale Tudo” — e não é pela vilania, mas pela lógica implacável.

O ponto de viradela veio em uma cena aparentemente simples: Odete dá uma prelecção de moral no rebento Afonso (Humberto Carrão), que chega em morada depois de pedalar de madrugada e avisa que está indo pegar vaga. Odete o recebe com ironia e reprovação, incomodada com o traje de que um dos herdeiros do seu poderio leva uma vida que mais parece um sabatino eterno. “Eu senhor esse tipo de agenda livre”, dispara, em tom sequioso.

A fala viralizou nas redes. Não porque foi cruel — mas porque foi real. Entre tantos filhos de famílias ricas retratados porquê jovens inofensivos e encantadores, Afonso surge porquê símbolo de uma geração de herdeiros que confunde privilégio com curso. E Odete, com sua frieza de CEO que não engole amadorismo, acaba ganhando razão.

O público passou a ver na vilã alguma coisa além da malvadeza: uma mulher que ofídio responsabilidade de quem vive às custas do poder dela. Odete não unicamente exige lealdade e cultura — ela despreza a passividade, odeia a mediocridade e não tem paciência para filhos mimados.

Esse tipo de postura, num momento em que novelas dialogam com debates sociais sobre meritocracia, legado e nepotismo, toca em pontos sensíveis da veras fora da ficção. E o remake, assinado por Manuela Dias, entende isso com precisão.

Odete não é simpática, mas é congruente. E congruência, em tempos de narrativas rasas, vale ouro. É por isso que, pouco a pouco, o público começa a torcer por ela — mesmo sabendo que, cedo ou tarde, ela vai passar dos limites. E é aí que mora a força da personagem.



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