Opinião: Por que a Globo deu um papel de destaque a Belo em “Três Graças”?

A escalação de Belo para “Três Graças”, novidade romance de Aguinaldo Silva, não foi um renitência nem uma aposta às cegas. Foi uma jogada pensada. O cantor estreia porquê ator de novelas em grande estilo, com um personagem denso, emocional e em destaque na história. Mas por que a Orbe decidiu dar um papel com tanto peso logo de rostro?

Primeiro, é preciso entender o cenário. Belo é um nome de potente apelo popular. Tem carisma, memória afetiva com o público e atravessa gerações. Mesmo longe das novelas, ele é uma figura incessantemente presente na cultura pop brasileira. Escalar alguém assim para um papel dramático é unir dois mundos: a música e a dramaturgia — e ampliar o alcance da romance.

Mas não é só isso. Internamente, a Orbe vem investindo em reestruturações de imagem e reposicionamentos de elenco. A escolha de Belo atende também a uma demanda por inconstância de perfis no vídeo. Não se trata de representatividade exclusivamente estética, mas simbólica: colocar um ídolo do pagode em um papel que não é estereotipado, e sim dramático, trágico, potente.

A decisão de Aguinaldo Silva de modificar o fado de Misael — que morreria nos primeiros capítulos — em seguida a escalação de Belo reforça isso. O responsável viu potencial. E mais: viu oportunidade. Misael é o tipo de personagem que cresce no boca a boca. Um varão generalidade, emocionalmente destruído, que se torna o fio de denúncia contra um esquema criminoso. E Belo entrega verdade — alguma coisa que o público identifica rápido.

Também não dá pra ignorar o timing. Em um momento em que outras emissoras apostam em ex-BBBs e influenciadores porquê protagonistas, a Orbe mostra que ainda sabe surpreender — escalando alguém inesperado, mas que faz sentido.

Se vai funcionar no longo prazo? Ainda não sabemos. Mas que a estreia será marcante, será. E no mundo das novelas, motivar impacto antes mesmo do primeiro capítulo vale mais do que milénio promessas.